O delegado Clayton Doce Alves Filho, preso na tarde desta quarta-feira (19) em Teresina-PI, está recolhido em uma cela da Delegacia do 13º DP, no Bairro Vila da Paz, na Zona Sul da Capital do Piauí. O delegado Adolfo Henrique Filho, que acompanha o caso, disse que Doce é acusado de peculato, falsificação de documentos públicos e particulares e corrupção ativa. No total, a investigação aponta que Clayton Doce, quando era titular da Delegacia Regional de Piripiri, no Norte do Piauí, teria arrecadado cerca de 50 mil reais em propinas.

 Segundo Adolfo, a investigação corria há cerca de um ano. "Temos em nossas mãos notas fiscais da delegacia e recibos que foram expedidos com assinaturas que não correspondiam às pessoas. Além disso, temos provas de que ele recebia propina em algumas diligências que realizava e o valor beira entre R$ 40 e R$ 50 mil em propinas", explica Adolfo. A cada mês são repassadas notas para despesas em todas as Delegacias do Estado.

      Imagens:Cidadeverde.com 

Delegado Clayton Doce é acusado de receber até 50 mil reais em propinas 

A investigação teve início porque as notas referentes à Delegacia de Piripiri não batiam. Durante a investigação, o delegado percebeu que as assinaturas haviam sido falsificadas. A investigação aponta que notas de combustíveis eram usadas para o abastecimento de veículos que não condiziam com as viaturas da delegacia. Outras despesas também foram adulteradas. O advogado Hilton Júnior é quem está fazendo a defesa do delegado Clayton Doce. Segundo ele, o caso será investigado e só irá se posicionar após inteirar-se dos fatos. "Essas provas não comprovam nada. Meu cliente estava afastado por motivo de saúde. Então, vamos nos inteirar de tudo para, assim, tomar as medidas cabíveis", disse o advogado Hilton Júnior. O delegado Adolfo esclareceu ainda que não há agentes ou outros funcionários da Secretaria de Segurança do Estado sendo investigados. Para abrigar o delegado Clayton Doce no  13º Distrito Policial, foram transferidas três mulheres que estavam sendo custodiadas no DP. Duas das presas foram levadas para a Central de Flagrantes e a terceira para o 1º DP.

Advogado Hilton Filho faz a defesa do delegado Clayton Doce 

Delegado Geral

O Delegado Geral da Polícia Civil do Piauí, James Guerra Júnior informou que no ano passado a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar desvio de gastos no cartão de combustíveis e falsificação na prestação de contas na Delegacia Regional de Piripiri, de responsabilidade do delegado Clayton Doce. "O delegado Clayton Doce estava falsificando documentos de compras que não eram feitas e nas despesas de combustíveis que era para viaturas, ele estava usando em seu veículo particular ou trocando por dinheiro no posto de combustíveis", informou James Guerra. O Delegado Geeral informou que Clayton Doce foi indiciado no inquérito e o promotor de justiça pediu a sua prisão ao juiz que decretou a sua preventiva. 

Delegado Adolfo comanda as investigações do caso que resultou na prisão do delegado Clayton 

Depressão

O delegado Clayton Doce Alves Filho, após ser preso em uma clínica no Bairro São Cristóvão, na Zona Leste de Teresina, foi levado para a Delegacia Geral da Polícia Civil, na Praça Saraiva, onde seria ouvido. Porém, sob argumentos de seu advogado, ele foi levado para o 13º DP, na Zona Sul, onde está preso. No momento da prisão, o delegado Clayton teria informado aos delegados que estava fazendo tratamento contra depressão na clínica.

Momento que o delegado Clayton Doce, de camisa vermelha, chegou ao 13º DP, onde ele está recolhido

Nota da Polícia Civil sobre a prisão do delegado

"A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PIAUÍ, através da CORREGEDORIA DE POLÍCIA CIVIL DO PIAUÍ E DO NÚCLEO DE INTELIGÊNCIA DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO PIAUÍ, em uma ação conjunta, deu cumprimento ao Mandado de Prisão Preventiva em face do Delegado de Polícia Civil, CLAYTON DOCE ALVES FILHO, expedido pelo Dr. Francisco João Damasceno, Juiz da 1ª Vara da Comarca de Piripiri - PI.            

A prisão foi determinada em decorrência de Inquérito Policial instaurado em 2013 para apurar os crimes de PECULATO e FALSIDADE DOCUMENTAL durante a gestão do citado na Delegacia Regional de Piripiri.

O Inquérito Policial foi concluído e foi realizada Representação com pedido de Prisão Preventiva, o qual foi corroborado pelo Mistério Público Estadual, na pessoa da Dra. Everângela Araújo Barros Parente, Promotora de Justiça Titular da 1ª Promotoria de Justiça.

Além do processo por peculato existem outros Inquéritos Policiais em andamento para apurar outros crimes, além de Processos Administrativos Disciplinares, bem como Ações por Improbidade Administrativa.

Maiores informações com o Delegado de Polícia Civil Adolfo Henrique Soares Cardoso, da Corregedoria de Polícia Civil do Piauí.