Sete estudantes do Curso de Direito de uma faculdade particular de Teresina-PI,  na Zona Sul de Teresina, denunciaram que foram vítimas de um golpe praticado supostamente por um colega de turma. O prejuízo seria superior a R$ 20 mil. O suposto estelionatário estudava na mesma sala de aula das vítimas.  Ambos cursam o 7º período. Além dos estudantes, pelo menos mais uma pessoa teria sido vítima do suposto golpe. 

Segundo relatos das vítimas, que preferiam não serem identificadas, o estudante prometia pagar boletos bancários com descontos. Assim, os alunos entregaram o dinheiro, mas as contas nunca foram pagas. Eles contam também que o suspeito fez a proposta durante o intervalo de uma das aulas para mais de 50 alunos.

"Ele disse que a empresa dele tinha esse dinheiro depositado em caixa, que era oriundo de consultorias que ele fazia, mas não podia sacar, apenas  fazer o pagamento de despesas. Se você tivesse um boleto com código de barras, ele levava, autenticava e devolvia. Ele oferecia 20% de desconto. Fomos pegos pela confiança. Entreguei R$ 5.600 em dinheiro", explica uma das vítimas. Estudantes que denunciaram o golpe

Outro aluno conta que o suspeito fazia parte da turma há três anos, o que fez com que os colegas confiassem nele. O suspeito informou que sua empresa de consultoria prestava serviços para o Governo do Estado e tinha R$ 300 mil disponíveis, mas havia perdido o prazo para saque e só podia receber o dinheiro mediante o pagamento de contas. Assim, o investigado propôs um negócio.

"A gente entregava os boletos para ele, e ele pagava nossa conta com 20% de desconto", disse o estudante. "Uma conta de R$ 1.000, por exemplo: a gente pagava R$ 800 e ele quitava a dívida.", detalhou outro. Essa seria uma forma dos colegas ajudarem o suposto estelionatário a reduzir seu prejuízo e também se beneficiarem.

"Começamos a desconfiar porque o código de barras não batia quando o do mesmo boleto. Passavam os dias e o pagamento não foram sendo descontados. Diante disso, alguns colegas foram até ele que sustentou que o pagamento ia dar certo. Para outros, disse que tinha sido vítima de hacker. Em momento algum, ele disse que tinha uma terceira pessoa na história", desabafou uma aluna que contabiliza o prejuízo de R$ 1.290, incluindo  o pagamento da faculdade.

Os estudantes ficaram ainda mais convencidos porque o nome de três professores da faculdade foram usados. O suspeito alegou que os docentes prestaram assessoria jurídica no caso. "Ele induziu a gente ao erro, gerou uma confiabilidade maior", acrescentou uma das vítimas.

O suspeito chegou a apresentar comprovantes de pagamento. Em alguns casos, alegou que como a transação era feita junto ao Governo, havia demora pela burocracia. Porém, alguns alunos começaram a receber cobranças das contas que eles achavam que tinham sido pagas. A suspeita agora é de que os comprovantes eram falsos.

"Isso já vem rolando desde 30 de agosto e ele nos enrolando, dizendo que vai pagar", afirmou o estudante ouvido pelo Cidadeverde.com, que afirmou ter deixado R$ 8 mil com o colega para pagamento de boletos. "Ainda tenho esperança de receber esse dinheiro porque ele ainda não fugiu".Delegacia do 3º Distrito Policial de Teresina, onde o caso está sendo investigado

O caso foi denunciado no 3º Distrito Policial, no bairro Vermelha,  na Zona Sul de Teresina.

Advogado alega inocência

Albelar Prado, advogado do estudante suspeito de estelionato, afirma que seu cliente também foi vítima do golpe e que, inclusive, registrou Boletim de Ocorrência contra o proprietário de uma empresa de consultoria localizada no Centro de Teresina.

Ele acusa este proprietário de emitir os recibos de pagamentos falsos. Segundo o advogado, pelo menos seis estudantes foram lesados e o prejuízo é estimado em R$ 18 mil.

“Ele arrecadou dinheiro da turma de formandos e repassou para esse proprietário para que ele pagasse os boletos. Contudo, ele não pagou. E ainda enviou comprovantes falsos. Meu cliente também foi lesado. Temos conversas de Whatsapp e agendamentos de transferência de estorno que comprovam que ele também foi enganado”, argumenta o advogado.

Em um suposto acordo, o estudante suspeito receberia vantagem financeira: desconto no pagamento dos próprios boletos. O advogado disse, ainda, que seu cliente está em Teresina e está, constantemente, sendo cobrado e recebendo ameaças.

“Para evitar uma situação pior ele não está atendendo as ligações. Mas, meu cliente está disposto a colaborar e resolver a situação”, finaliza Albelar Prado, que assumiu a defesa do estudante ontem (26). Advogado Albelar Prado que defende o estudante suspeito do golpe

Suspeito não frequenta mais a faculdade

As vítimas alegam ainda que não têm nenhuma garantia de que o dinheiro será ressarcido. "Ele se ausentou da faculdade, quando atende as ligações é com ignorância e deboche e não mostra que quer resolver o problema, pois quem se esconde não quer resolver", reitera a jovem. "Ele nos atende com ignorância como se nós fôssemos os vilões da história", acrescenta outra vítima.

Um dos estudantes teve prejuízo de R$ 6.600. Ele conta que está desempregado e o dinheiro repassado era da sua rescisão de contrato.

"Ele usou de má fé. Nunca afirmou existir outra pessoa...dizia que o dinheiro era dele, da empresa dele. Estou desempregado e precisando desse dinheiro para tocar minha vida. Coloquei o dinheiro nas mãos dele para conseguir esse desconto, mas o prejuízo foi muito maior. Espero que as autoridades nos ajudem da forma mais rápida", desabafa. Os estudantes cogitam ainda processar o colega de classe por danos morais.

"Ele posava de empresário na faculdade, mas é estagiário de uma secretaria municipal. Precisamos de um posicionamento. A gente quer o nosso dinheiro de volta. Não queremos complicar ele, nem saber se ele foi vítima ou não. Queremos apenas o nosso dinheiro", finalizou a vítima.

Prejuízo de R$ 26 mil

De acordo com informações do 3º Distrito Policial,  o prejuízo financeiro dos estudantes que sofreram o golpe  seria em torno de R$ 26 mil.

Os inquéritos que investigarão as denúncias dos estudantes serão apurados em diferentes delegacias, conforme a área de circunscrição onde houve o pagamento de dinheiro ao suposto estelionatário. Para esta semana estão previstas as oitivas de vitimas e testemunhas do golpe.

Fonte: Portal Cidade Verde