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Questão fundiária foi uma das motivações do assassinato da vereadora Marielle Franco |
Lewandowski leu parte do relatório da Polícia Federal, com cerca de 470 páginas, que originou a identificação dos suspeitos de serem os mandantes do crime e a prisão deles, neste domingo (24 de março de 2024).
Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro Vereadora Marielle Franco. Citando a PF, Lewandowski afirmou que o cenário teve um recrudescimento no segundo semestre de 2017. A votação do PL n° 174/2016 gerou uma “descontrolada reação” de Chiquinho Brazão contra Marielle. “Ficou delineada a divergência, no campo político, sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito de moradia”, disse o ministro. Marielle queria a regularização das terras para fins sociais, mas os irmãos Brazão, conforme aponta relatório da PF, eram de grupo político contrário. Enquanto os mandantes do crime buscavam a regularização de um condomínio na região de Jacarepaguá, Marielle, como vereadora, estaria articulando para que a ocupação do terreno fosse acompanhada pela Defensoria Pública e pelo Instituto de Terras e Cartografia do Rio. Diante dos apontamentos, a Polícia Federal prendeu Chiquinho Brazão (União-RJ); o irmão dele, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio; e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa.
Foto: Câmara dos Deputados Deputado federal Chiquinho Brazão. Citados na investigação: Chiquinho Brazão (União-RJ), deputado federal; Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio; Segundo Lewandowski, foram determinadas ainda algumas medidas cautelares não só contra os três presos, mas dos outros envolvidos. Entre elas estão: congelamento de contas bancárias e acesso ao conteúdo de dados e dispositivos. “Todos vão usar tornozeleiras eletrônicas, [são obrigados] a entregarem seus respectivos passaportes, estão proibidos de se comunicarem com os demais investigados e os policiais suspeitos de envolvimento terão determinada a suspensão das respectivas funções publicas e da respectiva suspensão da posse e do porte de armas”, disse. O relatório ainda deve embasar novas investigações. Segundo o ministro da Justiça, as investigações revelam o modus operandi das milícias no Rio de Janeiro, que é bastante sofisticado, que se espalha por várias atividades. “Tenho a impressão que, a partir desse caso, nós podemos talvez desvendar outros casos, ou pelo menos seguir o fio da meada de um novelo cuja a dimensão ainda não temos clara, mas essa investigação é a espécie de uma radiografia de como operam as milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro, e como há um entrelaçamento inclusive com alguns órgãos políticos e alguns órgãos públicos”, complementou Lewandowski.
Fonte: Metrópoles |
Última atualização ( Dom, 24 de Março de 2024 22:17 ) |