Escrito por Saraiva    Ter, 15 de Outubro de 2019 13:39    Imprimir
Lilian Martins sugere que TCE julgue “Caso Idepi” sem se importar com a opinião pública

Um dos alvos das tomadas de contas especiais no âmbito do Caso IDEPI é Elizeu Aguiar, homem que ocupou o IDEPI no governo de Wilson Martins (PSB), e tinha um trabalho considerado 'tão bom' pelos políticos, que também figurou no governo de Zé Filho, quando estourou o escândalo do IDEPI. Seis, cinco anos depois, a indicada para o TCE por Wilsão julga um dos ex-secretários do marido.

“OS AUTOS FALAM TUDO”, DIZ LILIAN. COMO VOTARÁ A CONSELHEIRA?

Após ouvir o conselheiro Delano Câmara, em Plenário, dizer que estava tendo o cuidado quando do julgamento do Caso Idepi, as primeiras três tomadas de contas especiais, das mais de três dezenas existentes, e da qual é relator, para que a imprensa do lado de fora ou outro qualquer depois não o viesse a questionar, Lilian Martins retrucou.

Conselheira do TCE Lilian Martins, quando do posicionamento na Corte de Contas

“A ideia que está passando um pouco é uma justificativa para os que assistem, para os de fora. Eu acho que nós não temos que justificar. Se tudo que eu julgar aqui eu tiver que justificar para a imprensa, porque a imprensa vai dizer isso, A, B ou C... não. Eu acho que os autos falam tudo. Eu acho que se nós vamos julgar baseado nos autos e baseados neles nós vamos formar a nossa convicção, se houver dúvidas a posteriori… Eu acho que é um risco que nós corremos (...). Então me parece assim, essa questão dessa afirmação em relação à opinião pública ou que A ou B deixe de dizer, eu acho que é muito individual e a gente precisa correr esse risco”, tascou, referindo-se também a outros casos.

O protesto de Lilian Martins fazia coro no sentido de que não haveria respaldo regimental para o relator Delano Câmara inquirir no plenário os advogados de defesa e os alvos das tomadas de contas especiais, semelhante a uma audiência de instrução com oitiva das partes defendentes. Delano também tinha estabelecido a ordem de fala dos advogados pelas hierarquias, passando pelos gestores, engenheiros, engenheiros técnicos e assim por diante.

Antes do pronunciamento de Lilian Martins e outros pares, Delano Câmara explicou que isso visava “resguardar o raciocínio lógico do relator”.

Imagem (Portal 180graus)

Além do que, “toda essa linha argumentativa colocada por cada um aqui dos aqui postos está já nos autos. Eu já ouvi todos. Mas para evitar que qualquer dos conselheiros tenha a necessidade de após o meu voto precisar pedir vistas ou mesmo que a imprensa lá fora, por eu ter excluído ou ponderado alguma coisa, não compreenda o meu voto, eu estou colocando e pontuando para que seja construído e todos se inteirem. Esse relator está convicto [do seu voto]. Se eu quisesse proferir meu voto agora eu podia proferi-lo, mas eu acho importante que todos os conselheiros tenham a exata noção da complexidade [desse processo] e o porquê do nosso voto, explicou, justificando que não estava inovando.

O Ministério Público havia ponderado também para que não houvesse excesso na sessão de julgamento, como por exemplo estabelecer a ordem de fala dos advogados, já que isso estava em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF).  E “sem qualquer detalhamento inquisitorial”, acrescentou o representante do Ministério Público, Leandro Maciel do Nascimento. O que foi acatado pelo relator.

O julgamento acabou sendo suspenso por um pedido de vistas do conselheiro Luciano Nunes.Extrato aditivo assinado por Elizeu Aguiar e alguns dos investigados, engenheiro Átila Jesuíno e Rede Construções, durante o governo de Wlilson Martins

O CASO IDEPI

O Caso IDEPI é um suposto esquema milionário de estradas vicinais que explodiu no Governo Zé Filho - então vice de Wilson Martins -, num ano eleitoral, após denúncias também na imprensa, com fontes resguardadas pelo sigilo, no ano de 2014.

Na época o relator Delano Câmara expediu medida cautelar, ratificada pelo Plenário da Casa posteriormente, mandando suspender o pagamento de R$ 100 milhões que iriam ser distribuídos para um rol de mais de 10 empreiteiras por obras em estradas vicinais que não tinham sido realizadas.

Outros dinheiros, porém, chegaram a ser pagos, daí a justificativa para mais de três dezenas de tomadas de contas especiais e a existência de quebras de sigilo fiscal e bancário em uma ampla investigação desencadeada pelo Ministério Público.

FATIADO

Até agora só três tomadas de contas especiais foram postas em julgamento, ainda pendente de apreciação.

 

Fonte: 180

Última atualização ( Ter, 15 de Outubro de 2019 13:54 )