Escrito por Saraiva    Qua, 15 de Janeiro de 2020 10:21    Imprimir
Membros de facção criminosa expõem intenção de matar advogado em áudios, diz delegado

Áudios interceptados pela Polícia Civil do Piauí mostram suspeitos de integrarem facções criminosas comentando a preparação para o assassinato de um advogado. Os áudios foram divulgados pela Polícia Civil após a conclusão da Operação Codinomes, em que 26 suspeitos por diversos crimes foram presos na última terça-feira (14 de janeiro de 2020).

Em áudios, presos falam sobre condições para integrar facções: ‘tem que matar dois por semana’

Nas gravações, um homem e uma mulher, cujos nomes não foram revelados, conversam sobre ameaças que estariam sendo feitas contra um advogado, e da intenção de alguém de matá-lo:

"E essas ideias aí que ele tava ameaçando. Diz que tava querendo aí a cabeça do... do.... do ‘gravata’ lá?", diz o homem.

Para a Polícia, “gravata” seria um código para se referir ao advogado. Em resposta, a mulher nega estar sabendo do fato.

Segundo o delegado Luciano Alcântara, da Delegacia de Repressão e Prevenção a Entorpecentes (Depre), a ameaça à vida deste advogado está sendo investigada pela Polícia Civil.Delegado Luciano Alcântara, Delegacia de Repressão e Prevenção a Entorpecentes (Depre), em Teresina — Foto: Andrê Nascimento/ G1 PI

“O advogado provavelmente trabalha para a facção, e pode ter feito algo que eles não concordam. Essa gravação mostra a violência do grupo, que era capaz de se voltar até contra eles mesmos”, comentou o delegado Luciano Alcântara.

Codinomes

Em outra gravação, os suspeitos comentam sobre a chegada de um carregamento de droga, de 20 quilos. Quem receberia a encomenda seria um homem chamado apenas de "Dentinho":

"Ele pegou e disse assim: Olha, daqui pra domingo vai chegar 20 quilos pra ele e pro irmão Dentinho, não tem?", diz uma mulher na gravação.

Segundo o delegado Luciano Alcântara, o termo é um exemplo do método dos suspeitos de usarem apelidos para não serem descobertos, nem pelos policiais, nem por membros de facções rivais.Polícia cumpre mandados no Piauí, Maranhão e São Paulo pela Operação Codinomes. — Foto: Murilo Lucena/TV Clube

"Eles se utilizam de outros nomes, que podem fazer referência a qualquer coisa: uma fruta, um carro, um personagem, e mudavam constantemente. Houve integrante de facção que mudou até três vezes de codinome”, disse o delegado.

Segundo ele, o método dos criminosos exigiu um amplo trabalho de cruzamento de dados para se identificar suspeitos. “Tivemos que identificar pelas características, por com quem a pessoa tratava, troca de informações com as polícias do Maranhão e de São Paulo. Usamos todo tipo de método de investigação para chegar à certeza”, disse Luciano.

Os códigos são usados ainda para tratar dos crimes e dos entorpecentes que os suspeitos negociavam. Na gravação divulgada pela Polícia, os criminosos usam a palavra "leite" para se referir a cocaína, "preta" para maconha e as drogas, em geral, o suspeito chama de "progresso".

José de Freitas

O delegado Luciano Alcântara que investiga essa facção criminosa já trabalhou no município de José de Freitas-PI, onde realizou um grande trabalho, inclusive, desvendou o bárbaro crime em que foi vítima o professor José Wellington Gomes da Rocha, que foi assassinado com pauladas na cabeça e cujo corpo foi encontrado em um matagal na localidade Maracujá, que fica a 1 km da cidade de José de Freitas. O professor despareceu no dia 17 de maio de 2014 e foi encontrado morto na manhã do dia 20. O delegado Luciano investigou e prendeu os autores do bárbaro crime. Com informações do G1.

Última atualização ( Qua, 15 de Janeiro de 2020 10:44 )