Escrito por Saraiva    Sáb, 11 de Outubro de 2014 09:01    Imprimir
Policial é o suspeito de vazar dados de inquérito do caso Frank Aguiar

A Polícia Civil de São Paulo investiga a suspeita de que um policial do Deic (departamento de investigações criminais) tenha atuado para obter e vazar informações de uma investigação que liga o vice-prefeito de São Bernardo do Campo e cantor Frank Aguiar (PMDB) a um acusado de tráfico internacional de drogas. A atuação deste policial, também investigado pela Corregedoria, teria provocado a paralisação do inquérito contra Jaílson de Souza, suspeito de traficar 230kg de cocaína apreendida em 2011. O inquérito do caso ficou parado de abril de 2012 a fevereiro de 2014. Luivo José de Souza Barros passou a ser investigado, segundo a polícia, após uma série de investidas dele em busca de informações de um inquérito sigiloso contra Souza e Frank Aguiar. Barros, segundo documentos obtidos pela Folha, é ex-agente do Denarc (narcóticos) e supostamente amigo íntimo de Souza, o suspeito de tráfico. Hoje, trabalha no Deic, órgão que conduz a investigação contra a dupla, mas em outro setor. Referido policial, que nem se encontra lotado nesta delegacia especializada, costumeiramente vinha ao cartório solicitar informações do feito, afirma documento entregue à Justiça. O investigador passou a ser formalmente investigado no dia 9 de setembro após nova tentativa de obter informações do inquérito. Ele nega as acusações.

Nesse dia, a reportagem da Folha estava no Deic onde presenciou um corre-corre entre os policiais na tentativa de conter o delegado Alberto Pereira Matheus Jr. que, segundo seus colegas, queria matar o investigador. Matheus Jr. é o responsável pela investigação. A reportagem foi fechada em uma sala e, de lá, pôde escutar gritos do delegado ao investigador Barros. Você está ajudando traficante. Desde então, a Folha tenta, sem sucesso, entrevistar o delegado Matheus Jr. e o superior dele, Ruy Ferraz Fontes. Eles afirmam que o caso está sob sigilo. Na tarde de terça-feira (7), Aguiar esteve na sede da Polícia Federal para, segundo ele, colocar-se à disposição da polícia para qualquer explicação sobre o caso. A PF, porém, não participa dessa investigação do Deic. Aguiar passou a ser investigado após ter conversas com Souza interceptadas. Segundo a investigação, o vice-prefeito mora em um casa em nome do suspeito de tráfico e de quem também recebia depósitos de dinheiro. A paralisação do inquérito, segundo a polícia, teve a participação do ex-secretário da Segurança Antonio Ferreira Pinto, que teria afastado policiais à frente da apuração. Ele nega envolvimento. Com informações da Folha Online.