Escrito por Saraiva    Qua, 25 de Maio de 2016 18:39    Imprimir
57% dos condenados na Justiça no Piauí voltam a cometer crimes, revela pesquisa

Mais da metade dos apenados que respondem a processos criminais na Vara de Execuções Penais do Piauí são reincidentes. É o que revelam os dados de uma pesquisa pioneira no Estado feita pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça do Piauí (GMF) e pela Uninovafapi.

Segundo os dados 57,21% dos apenados já tem mais de um processo correndo na vara, ou seja, cometeram mais de um crime antes que o primeiro fosse julgado.O trabalho foi comandado pelo coordenador adjunto do GMF, juiz José Vidal de Freitas Filho e pelo professor e advogado Lucas Villa. "Na verdade o que esses números mostram é que tem que se ter um foco maior na reinserção social dessas pessoas para que elas não voltem a delinquir porque elas não estão cometendo só um crime", afirmou o advogado. O levantamento foi realizado nos dados dos apenados da Vara de Execuções Penais de Teresina, de 2.886 pessoas, à época do início dos trabalhos, no segundo semestre de 2015, sendo pesquisados 575 processos, com a margem de erro de 2,61%.Advogado Lucas Villa e o juiz José Vidal, durante reunião quando analisavam a pesquisa

Para o juiz José Vidal, a questão da criminalidade não está restrita apenas a um grupo social reincidente e segundo ele já está incutida na cultura. “Há de se buscar o motivo de mais da metade das pessoas do universo que cometeram crime terem feito mais de um e não terem sido condenadas dentro de um prazo", pontuou o magistrado que acrescenta que a realização de pesquisas no sistema prisional é de extrema importância para a elaboração de políticas públicas voltadas à redução da violência e da criminalidade.

"Um dado tão elevado mostra que o Estado precisa agir urgentemente com todos os seus poderes e que a própria sociedade precisa agir contribuindo. O resultado dessa pesquisa demonstra que o Estado do Piauí está falhando na reinserção social dessas pessoas e isso não tem sido suficiente para retirá-las da prática criminosa - não por que mereçam, mas no sentido de que é bom para a própria sociedade é importante para que haja diminuição da criminalidade", concluiu o juiz José Vidal.

 

Fonte: Vara das Execuções Penais/GMF

Última atualização ( Qua, 25 de Maio de 2016 18:47 )