Escrito por Saraiva    Ter, 19 de Junho de 2018 15:20    Imprimir
Piauí registra 3 feminicídios em 24 horas e delegada faz apelo a vizinhos das vítimas

A delegada Eugênia Villa, subsecretária de Segurança Pública do Piauí, fez um apelo nesta terça-feira (19 de junho de 2018) após três casos de feminicídios de mulheres em menos de 24 horas no Estado. Segundo ela, é preciso que a sociedade se mobilize para denunciar a violência contra a mulher antes que os casos acabem em morte. “Vizinhos e vizinhas, protejam nossas mulheres”, pediu a delegada.

Os três casos foram registrados em Paulistana, Piripiri e Teresina. No município de Paulistana, no Sudoeste do Piauí, Gabriela de Carvalho, de 22 anos, foi esfaqueada e morta pelo marido após uma briga na última segunda-feira (19). em Teresina, no bairro Nova Teresina, na Zona Leste, nesta terça-feira (19), um idoso de 66 anos, identificado como José Ribamar Costa, confessou à polícia ter matado a pauladas Francinilda Pereira de Andrade, de 33 anos, e em Piripiri, a empregada doméstica Irismar Castro, de 38 anos, foi morta pelo ex-companheiro também nesta terça-feira (19 de junho).

Delegada Eugênia Villa.

Polícia não recebe denúncias das vítimas

Nesta terça-feira (19) completa também um ano da morte de Iarla Lima, atingida com quatro tiros pelo namorado, o ex-tenente do Exército, José Ricardo da Silva Neto, dentro do carro do acusado. O corpo foi encontrado dentro do veículo do ex-oficial no estacionamento do prédio onde ele morava. A irmã de Iarla levou um tiro de raspão na cabeça, enquanto a amiga da vítima levou um tiro no braço.

A delegada Eugênia destacou que os casos que chegam até a polícia já estão no “fim da linha” da violência de gênero: a morte das mulheres. Para ela, é preciso que as mulheres identifiquem sinais de violência antes que cheguem a agressões e tentativas de feminicídio. Para isso, ela indica que procurem a Central de Flagrante de Gênero, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, e o aplicativo Salve Maria.

“Temos uma atividade incessante com delegadas capacitadas, mas é fundamental a mulher não tolerar nenhum nível de violência, porque muitas vezes ela não vê que está na situação de violência", avalia.Em Teresina, diarista foi morta a pauladas nesta terça (19) (Foto: Andrê Nascimento/G1 PI)

Vizinhos, amigos e familiares precisam denunciar

Além da denúncia das próprias vítimas, Eugênia pediu que vizinhos, amigos e familiares esqueçam a famosa frase de que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. Para ela, é fundamental que todos denunciem.

“Essas pessoas também precisam assumir o protagonismo. Não adianta a polícia chegar num local de crime com uma mulher morta. Isso é um desastre. Se a violência não chega antes ao nosso conhecimento, como podemos evitar o pior?", questionou.Central de Flagrantes de Gênero de Teresina recebe denúncias 24 horas por dia (Foto: Fernando Brito/G1)

Eugênia lamentou que a polícia, quando é acionada, já não pode agir para prevenir o pior, porque não tinham conhecimento do que se passava dentro das casas das vítimas. “O que mais nos desafia é que as mulheres são mortas em ambientes em que estariam seguras, em casa, em sua residência, por isso a dificuldade de detectar esses casos com antecedência. Elas não pediram socorro na delegacia. As pessoas têm que denunciar”, declarou.Teresina possui núcleo de feminicídio, mas denúncias precisam chegar antes à polícia (Foto: Ellyo Teixeira/G1)

Crime de feminicídio em Teresina

De acordo com informações do delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Robert Lavor que foi acionado para o caso, José de Ribamar Costa após matar Francinilda Pereira de Andrade, tentou tirar a própria vida e foi conduzido para o Hospital de Urgência de Teresina por meio de uma ambulância do SAMU.

Residência onde Francinilda Andrade foi morta no bairro Nova Teresina, Zona Leste de Teresina.

“Fomos informados por vizinhos que ele chamou a vítima para sua residência com o propósito de conversar, já que ela já tinha terminado o relacionamento, mas ele não aceitava. Sem imaginar o que poderia acontecer, ela foi até a casa do acusado e já foi recebida com golpes de faca. Testemunhas afirmaram que os gritos foram ouvidos por toda a rua, mas ninguém conseguiu entrar para salvá-la”, declarou. O crime de feminicídio está sob o comando da delegada Luana Alves. Com informações do G1 e Meio Norte.

Última atualização ( Ter, 19 de Junho de 2018 15:35 )