Escrito por Saraiva    Qui, 16 de Agosto de 2018 08:48    Imprimir
Teresina completa neste dia 16 de agosto 166 anos de Emancipação Política

Ao contrário de muitas outras cidades que possuem como hino uma marcha heroica, Teresina-PI tem um poema como canto patriótico. A letra, escrita por Cineas Santos é uma homenagem às características que definem a capital piauiense. Seu olhar aponta três elementos essenciais para a constituição do município: o verde, os rios e o povo. Este ano, em comemoração aos 166 anos de Teresina, O DIA abordou questões e histórias relativas a esses eixos. O passado esteve ligado a eles e, agora, o futuro também.

A região onde se desenvolveu Teresina tem uma vocação para áreas verdes. A mata entre dois rios proporcionava o conforto térmico que um local no sertão nordestino precisava. O modelo português de desenvolvimento das cidades trouxe a ênfase nas praças públicas em meio ao processo de urbanização. Isso, aliado à cultura de plantações de quintais, fez de Teresina, uma cidade verde. O futuro, agora também depende da manutenção dessas áreas verdes, ameaçadas desde o início da expansão da cidade.

“No início da Capital, a gente tinha muito verde, havia uma mata circundando a cidade. O verde era essencial. Eu diria que não houve esse cuidado em preservar essa identidade do verde dentro da cidade de Teresina. Para nós, a ideia do progresso está desligada da ideia de preservação, de cuidado com a natureza. Quando Coelho Neto destina esse título à Teresina, a cidade tinha muito verde, hoje não há como antes”, comenta a historiadora Andreia Rodrigues.

Especial Teresina 166 anos. Verde resiste em meio ao desenvolvimento urbano

Especial Teresina 166 anos. Vidas que correm com os rios

O olhar para o futuro também reflete em destinar atenção para os rios. Lá atrás, a história aponta que a cidade nasceu a partir da possibilidade de se utilizar os rios como berço para o desenvolvimento. Os canais fluviais representavam prosperidade, faziam a vida e a economia circular e eram vitais para o transporte de mercadorias e pessoas. Hoje, o desenvolvimento trouxe um olhar desatencioso, da sociedade como um todo, para as águas que ainda ajudam a manter a renda de uma pequena parcela da população.

“A preservação de qualquer manancial passa pela necessidade em termos de água. A água é um elemento essencial. A gente ainda pode proteger livrando o rio de esgoto; se for jogar, que esses esgotos sejam tratados, e protegendo as margens e a vegetação ciliar. A tendência maior é não preservar na zona urbana. Para recuperar os rios, é preciso uma união de forças, com regras bem definidas ao mesmo em que a população compreenda a importância do processo de recuperar os rios”, é o que diz o biólogo Francisco Soares.

Desenvolvimento humano

Mesmo com o desenvolvimento territorial, o futuro não chegará sem o desenvolvimento humano. Essa é também uma ideia defendida pela historiadora Andreia Rodrigues. Para ela, é inquestionável o crescimento econômico da Capital – novas construções, novos negócios, novas possibilidades – mas, é preciso também investir em um âmbito prioritário, a educação. Apostar no desenvolvimento de patrimônio intelectual e também incentivar bons comportamentos.

“A gente está crescendo financeiramente, você percebe sim um crescimento exponencialmente da cidade, de áreas que há dez, vinte anos não eram exploradas. A gente está crescendo, mas não está crescendo na questão do olhar para o outro, da educação, de cuidar das pessoas. E as pessoas estão só cada vez mais se isolando por conta da violência, se tornando cada vez mais presas. Estamos ficando prisioneiros do progresso”, opina.

Teresina, capital do Estado do Piauí.

Especial Teresina 166 anos. Teresina é feita por pessoas que fazem acontecer

Teresinenses revelam o que sonham para Teresina do futuro

Érica Santos é estudante e, aos 22 anos, tem um filho de um ano e sete meses. A maternidade precoce trouxe uma nova forma de ver e viver a vida, agora junto com o filho. Ela desenvolve um projeto de incentivo à prática de atividades junto à natureza entre mães e filhos. O que Érica espera do futuro de Teresina é uma cidade mais livre e segura para ela e o filho.

“Espero que, no futuro, tenhamos liberdade. Liberdade para andar, pedalar e passear por Teresina. Segurança de poder contar com um transporte público eficiente e de qualidade. Quero imaginar que, no futuro, meu filho poderá sair de casa e voltar ao final do dia com segurança. Acesso à educação e a todos os espaços públicos”, diz.

José Elias tem 20 anos e é participante de inciativas voluntárias de empreendedorismo jovem. Ele acredita que o futuro da cidade de Teresina pode estar ligado ao incentivo à prática do empreendedorismo e também de um olhar para a educação, a cultura e o lazer.

“Eu desejo muitas coisas para o futuro da minha cidade! Uma delas é que continue sendo referência em educação. Outra coisa é reconhecer os artistas e explorar mais o empreendedorismo local. Não podemos deixar de falar também de diversão. Teresina é uma cidade linda e limpa que, pra fechar esse leque de beleza, precisa investir ou apoiar mais eventos de pessoas que possam reviver as noites apaixonadas dessa cidade”, comenta. Com informações do Portal O Dia.