Escrito por Saraiva    Qua, 17 de Abril de 2019 12:51    Imprimir
TJ-PI mantém qualificadora de feminicídio contra ex-capitão-PM que matou a namorada

Os desembargadores da 1ª Câmara Especializada Criminal do Tribunal de Justiça do Piauí mantiveram a qualificadora de feminicídio dentre as acusações contra o ex-capitão da Polícia Militar do Piauí, Allisson Wattson. O julgamento aconteceu nesta quarta-feira (17 de abril de 2019) a pedido da defesa. O ex-capitão da PM é acusado de matar com um tiro na cabeça, em outubro de 2018, em Teresina-PI, a namorada, a estudante Camilla Abreu.

A sessão no TJ-PI teve início por volta das 10 horas desta quarta-feira (17) e o Ministério Público não realizou sustentação oral. O advogado de defesa de Allisson, Pitágoras Veloso, pediu ainda, na fase preliminar do julgamento, a reconstituição do crime porque, segundo ele, o disparo que matou Camilla foi acidental. Por 3 votos a 0, os desembargadores rejeitaram o pedido.

Imagem: Reprodução Portal AZ

Camila Abreu e o ex-capitão-PM Allisson.

No julgamento do mérito do pedido, também por unanimidade, foram mantidas as qualificadoras de feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. Com isso, o processo contra o ex-capitão-PM entra na pauta do Tribunal do Júri, ficando sob responsabilidade da juíza Maria Zilnar Coutinho, que definirá a data para o julgamento.

O advogado do ex-capitão da PM explicou ao G1 o pedido feito sobre um suposto “cerceamento da defesa”, tendo o pedido de reconstituição do crime sido negado.

“A Justiça nega e diz que esse pedido é protelatório, sendo que isso é que vai demonstrar se o tiro foi acidental. Ele sempre relatou que foi acidental, que não atirou por vontade própria, que foi quando tentava desarmar a Camilla. O Ministério Público e a Justiça não querem fazer porque sabem que ele é inocente”, afirmou.

Imagem: Ascom/TJ-PI

Veja como ficou a sessão no TJ-PI que negou o recurso do ex-capitão Allisson.

O advogado disse ainda ao G1 que, com a rejeição dos pedidos, a defesa irá recorrer junto ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal.

Família aguarda condenação

Jean Carlos Abreu, pai de Camilla, afirmou que a expectativa pela condenação de feminicídio é um anseio não apenas de sua família.

“Não apenas nossa família, mas todas as famílias de vítimas de violência contra a mulher esperam que ele vá a Júri Popular e pague pelo crime que cometeu. Nunca vi tiro acidental pelas costas, a uma distância de 70 cm a 1,50 m, pelo que a perícia constatou. Tem hora que ele diz que é inteligente, tem curso superior, tem horas que diz que é ‘doido’. Esperamos justiça”, declarou o pai de Camila Abreu.

Imagem: Ascom/TJ-PI

Pai de Camila Abreu acompanhou o julgamento do recurso no TJ-PI.

O crime

Camilla Abreu desapareceu na madrugada do dia 26 de outubro de 2018 após ter encontrado o namorado. O corpo da jovem foi encontrado em um matagal no dia 31 de outubro, depois que o ex-capitão foi preso e apontou o local onde estava a jovem morta. Camila Abreu foi encontrada morta em um matagal na localidade Mucuim, zona rural de Teresina, que fica quase na divisa com o município de Altos-PI.

O laudo do exame cadavérico da estudante apontou que Camila foi agredida e morta com um disparo de arma de fogo na cabeça. Com informações do G1.

Última atualização ( Qua, 17 de Abril de 2019 13:03 )