Escrito por Saraiva    Qui, 16 de Maio de 2019 15:59    Imprimir
Piauí tem a maior taxa de subutilização da força de trabalho no Brasil, segundo o IBGE

O Piauí é o estado que apresentou a maior taxa de subutilização da força de trabalho do Brasil no 1º trimestre de 2019, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD Contínua) do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (16). Os dados revelam que 41,6% da população do estado é composta por pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada. Para se ter uma ideia da taxa piauiense, ela é quase duas vezes maior que a taxa nacional, que é de 25% ou 28,3 milhões de pessoas, um número recorde na série histórica.

Com esse percentual de 41,6% de pessoas desocupadas no Estado, o Piauí se coloca á frente de outras unidades federativas como o Maranhão, com taxa de 41,1%; e Bahia, com taxa de 40,4%.

Outro dado preocupante e que chama atenção para o desempenho do mercado de trabalho no Piauí, segundo a pesquisa do IBGE, é a de empregados do setor privado que não possuíam carteira de trabalho assinada no 1º trimestre de 2019. Eles representam 47,8% da população do Estado, sendo a segunda maior proporção do país.

Imagem: Assis Fernandes/ O Dia

Isso significa dizer que a taxa informalidade no Piauí é a segunda maior do país, sendo superada somente pelo Estado do Maranhão, que possui 49,5% dos trabalhadores do setor privado sem carteira assinada. Para efeito de comparação, o Piauí está à frente de estados como Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul na quantidade de trabalhadores do setor privado que estão na informalidade. Em todo o Brasil, são mais de 11 milhões de pessoas nesta mesma situação.

Proporcionalmente ao aumento da informalidade, o Piauí registrou um decréscimo da formalidade no mercado de trabalho. O IBGE mostra que o estado contabiliza um dos menores percentuais de trabalhadores com carteira assinada no Brasil (52,2%), ficando a frente somente do Estado do Pará, que tem uma taxa de formalidade de apenas 53%.

Chama a atenção o fato de o Piauí refletir um cenário regional. O Nordeste, como um todo, obteve os menores percentuais de empregados com carteira assinada no setor privado do país (59%). Os estados com os maiores índices de trabalhadores do Brasil ainda estão nas regiões Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e Sudeste (Rio de Janeiro).

Imagem: Assis Fernandes/ O Dia

Trabalhadores por conta própria

Segundo o IBGE, espera-se que com o aumento da informalidade, aumente o número de trabalhadores atuando por conta própria. Esta foi uma realidade observada no Piauí, no primeiro trimestre deste ano. O estado possui segundo maior percentual de informalidade do país e a quantidade de pessoas trabalhando por conta própria é a sexta maior do Brasil. São 31,6% dos trabalhadores piauienses não possuem vínculo empregatício com terceiros, mas trabalham para si mesmos. O Estado fica atrás apenas do Acre, Maranhão, Amapá, Pará e Amazonas.

Novamente a região Nordeste figura como um dos percentuais mais altos de pessoas trabalhando por conta própria em relação às demais regiões (29,3%).

O Piauí sente falta de investimento do Estado, diz superintendente

Para o superintende regional do trabalho no Piauí, Philippe Salhia, o Piauí está sentindo a falta do investimento do estado e isso automaticamente implica na economia local e na geração de emprego e renda. “Pelo fato de o Piauí não ser um estado altamente industrializado, ainda há um fator de muito peso para gerar renda que é o fator estado e se ele se retrai nos investimentos, isso se reflete na retração do mercado, de certa forma. Mas não se trata só disso. As incertezas da economia também causam esse fenômeno”, explica.

Pihilippe Salha, Superintendente Regional do Trabalho no Piauí - Foto: Arquivo O Dia

O superintendente menciona ainda as atuais medidas do governo de cortes e bloqueios de investimentos. “Tiram investimentos públicos de onde eles deveriam existir e isso quem sente é o trabalhador. Como ele sente? Na redução de vagas, nos aumentos de demissões, o aumento da informalidade”, finaliza.

Apesar de preocupante, o superintendente regional do trabalho vê com perspectiva de melhoras o futuro próximo. Para ele, no segundo semestre, essa realidade deve começar a dar sinais de mudança e para o próximo ano, a previsão é de que o mercado de trabalho brasileiro e, com ele, o piauiense, comece a dar sinais de recuperação.

O Portal O Dia tentou contato com a Coordenadoria de Comunicação do Governo do Estado, mas ainda não obteve retorno. O espaço fica aberto para futuras manifestações por parte do ente estadual.

 

Fonte: IBGE e Portal O Dia