Escrito por Saraiva    Sex, 16 de Março de 2012 18:43    Imprimir
Presidentes reagem ataque de Ubiraci: "atitude tresloucada"

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Piauí (Sinpolpi), Cristiano Ribeiro, rebateu críticas do promotor Ubiraci Rocha acusando a instituição de ser “imprestável à sociedade” e de ter trabalhado de forma “amadora” no caso Fernanda Lages. 

A jovem foi encontrada morta no dia 25 de agosto de 2011 nas obras da nova sede do Ministério Público Federal em Teresina-PI. Após investigação da Polícia Civil do Estado, o caso passou para a Polícia Federal, que produz novo inquérito. “As colocações que ele [promotor Ubiraci] fez são de forma genérica, atingido toda a instituição Polícia Civil. Ele está cometendo um ato de injustiça porque ele está maculando o nome de toda uma instituição. Se ele quiser particularizar algum setor da Polícia que ele singularize e não use o todo”, disse Cristiano Ribeiro. O promotor Ubiraci Rocha, em entrevista ao Jornal do Piauí desta sexta-feira (16) chegou a dizer que se a Polícia Federal não indiciasse alguém pela morte da estudante Direito seria culpa da Polícia Civil já que ela teria cometido “erros primários”. 

 Promotor Ubiraci Rocha

 Presidente do Sinpolpi, Cristiano Ribeiro

“Quero ressaltar que a Polícia do Piauí tem bons serviços prestados à sociedade. As colocações do promotor são muito agressivas. Por enquanto vamos só rebater, não podemos carregar um ônus que não é nosso. Mas estou sendo fulminado pela categoria e com razão”, informou o presidente do Sinpolpi. O representante da classe afirmou que lamenta o fato da Polícia Civil não ter conseguido indiciar alguém pela morte de Fernanda, mas relembra que o alvo do caso deve ser apontar os culpados, se existirem, pelo crime e não a briga entre entidades. “O promotor teve uma atitude tresloucada”, criticou Cristiano Ribeiro. O Cidadeverde.com procurou o secretário Estadual de Segurança, Robert Rios Magalhães, para que ele pudesse se posicionar sobre a polêmica. O gestor afirmou que não tem nada o que comentar sobre o assunto. O Sindicato dos Delegados da Polícia Civil de Carreira (Sindepol) também se manifestou sobre o assunto e publicou nota à imprensa. Confira:

 

Nota do Sindepol 

O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Carreira-SINDEPOL- em face das declarações do promotor Ubiraci Rocha de que a polícia civil é "amadora e imprestável para a sociedade" vem a público tecer as seguintes considerações. 

O nefasto episódio da morte violenta de Fernanda Lages, fato que chocou toda a sociedade piauiense, vem sendo tratado pelos representantes do Ministério Público designados para acompanhar as investigações com excessivo emocionalismo, com declarações desarrazoadas de quaisquer racionalidades. Impõe-se um chamamento à razão, aguardando o resultado final da polícia federal e contextualizando provas técnicas e testemunhais específicas com o conjunto do caderno investigatório.  

A Polícia Civil, enquanto instituição incumbida das funções de polícia judiciária padece de carência e deficiências estruturais que criam embaraços para o êxito do cumprimento de nossas funções previstas constitucionalmente. Notadamente, pleiteamos a muito tempo a autonomia administrativa e financeira da polícia civil, profissionalização e capacitação dos policiais, investimentos maciços em tecnologia, intercâmbio com outras policiais e criação de delegacias especializadas, inclusive a de homícidios. Todavia, esparramos na notória crise financeira que vive o Estado, incapaz de alocar a seus serviços essenciais à população investimentos que possam traduzir-se em serviço de qualidade e eficaz. 

As deficiências que acometem a Polícia Civil não é diferente das que emperram o trabalho eficiente do Ministério, também, desprovido de investimentos, carência de pessoal e seus membros -Promotores de Justiças- com armários abarrotados de processos inertes, mofando, chegando o CNMP a constatar que um só Promotor de Justiça tinha mais de 800 processos paralisados em seu gabinete. 

Por derradeiro, cabe restaurar a verdade e dizer que no caso Fernanda Lages a preservação do local do crime deveria ter sido feita pela Polícia Militar - primeiro representante estatal a chegar ao local do fato - e escoimar daquele local curiosos, jornalistas e até outros policiais que não estivessem em serviço. A perícia científica da polícia civil ao chegar naquele cenário já encontrou alterações que podem ter afetados a eficácia do trabalho pericial. 

Á sociedade piauiense reiteramos o compromisso de continuar pautando a nossa conduta com seriedade, equilíbrio, razão e superando as nossas carências com destemor e apego destemido ao trabalho investigativo.  

Dizem os sábios que o tempo é o senhor da razão. 

Del. Sebastião Alves de Alencar Neto 

Presidente do SINDEPOL

 

Fonte: Cidadeverde.com