Escrito por Saraiva    Ter, 16 de Fevereiro de 2021 22:36    Imprimir
Polícia encontrou 10 facas no guarda-roupa da mãe de advogada assassinada em Pedro II

O Portal GP1 teve acesso ao relatório policial que foi encaminhado ao Tribunal de Justiça do Piauí, que narra as diligências da Polícia Civil durante as investigações que culminaram com a prisão do jornalista João Paulo Mourão, acusado de matar a própria irmã, a advogada Izadora Mourão, no último sábado (13 de fevereiro) em Pedro II, no Norte do Piauí. O documento revela que foram encontradas pelo menos 10 facas dentro de um guarda-roupa da mãe de João Paulo e Izadora.

No relatório consta a decisão judicial proferida nesta terça-feira (16 de fevereiro de 2021) pelo juiz Rogério de Oliveira Nunes que converteu em preventiva a prisão em flagrante do jornalista João Paulo Mourão.

De acordo com o texto, a polícia não comprou a versão apresentada pela mãe da advogada, Maria Nerci, e pelo irmão João Paulo. Eles afirmaram logo após o crime que Izadora foi assassinada por uma mulher que havia entrado na residência para fazer uma cobrança, no entanto, os investigadores questionaram como tudo pode ter acontecido sem os familiares terem percebido.

Foto: Reprodução/Facebook

João Paulo Mourão e a irmã Izadora Mourão

“As diligências realizadas pela autoridade policial não esclareceram como aconteceu um crime sem que João Paulo e sua mãe não tivessem ouvido nada; e todos os vizinhos que foram ouvidos no caso, nenhum disse ter visto nenhuma mulher entrando ou saindo da casa da vítima”, diz o relatório encaminhado ao TJ-PI.

Facas escondidas

Uma das facas utilizadas no crime chegou a ser levada para outro lugar pela própria mãe da vítima, que levou a arma branca para a casa de Ocianira, que, segundo o relatório, é irmã de Izadora. Conforme o documento, João Paulo acabou indo buscar a faca no outro dia. “A irmã da vítima Ocianira, o esposo Wagner e a filha do casal Vanessa, informaram que a mãe da vítima pediu para que estes escondessem uma faca em sua residência; no domingo João Paulo foi até a casa de Ocianira e pegou a faca”.

Uma revelação que chama atenção no relatório é que a polícia encontrou dentro do guarda-roupa da mãe de João Paulo e Izadora pelo menos 10 facas, incluindo a utilizada no crime. O documento diz ainda que o jornalista João Paulo apontou qual dos instrumentos foi usado, mas não informa se ele admitiu ter cometido o assassinato ou se apenas encontrou a arma junto do corpo da irmã.

“Nas diligências, João Paulo informou que as facas estavam no guarda-roupa de sua mãe e lá se depararam com pelo menos dez facas e solicitado João Paulo apontou a faca que supostamente teria sido usada na prática do crime. Em seguida o delegado Danúbio, do DHPP, solicitou a perícia para averiguar se havia sangue humano; foi constatado vestígios de sangue pela perícia; em seguida o delegado deu voz de prisão para João Paulo”, diz o texto.

Advogada Izadora Santos Mourão, de 41 anos, é encontrada morta dentro de quarto em Pedro II — Foto: Reprodução

Marca no lençol

A polícia constatou que, no lençol da advogada Izadora Mourão havia a marca de uma mão, cujas dimensões coincidiam com a mão de João Paulo. “Após uma minuciosa averiguação no quarto onde ocorreu o crime, havia uma mão no lençol da vítima que no contexto coincidia com as dimensões das mãos de João Paulo”, aponta o relatório.

As investigações apontam que, após matar a irmã com sete golpes de faca, o irmão teria ido dormir no quarto da mãe. Ela, ao encontrar a filha machucada no quarto, segundo Barêtta, ligou para a empregada doméstica da casa e ordenou que ela lavasse o quarto onde aconteceu o crime.

Brigas entre irmãos

Segundo o delegado Baretta, a relação dos irmãos era conflituosa. Ele comenta que os investigadores encontraram, entre os objetos da vítima, um bilhete que teria sido escrito por João Paulo em que se dirige de forma grosseira à irmã.

“Foi um bilhete em que ele diz para ela ‘não se meta nos meus assuntos’, e coisas assim. É uma mostra de que a relação entre eles não era harmoniosa”, disse o delegado.

Para o delegado, o crime foi premeditado. “Eles possuíam umas desavenças, mas isso vai ser delineado nos autos do inquérito policial nos próximos dez dias. A motivação é muito subjetiva. Ele não fala, ele não confessa. Na verdade, ele premeditou o crime. A Izadora, nas últimas forças dela, ela ainda se locomove e deixa claro que o assassino estava próximo dela e dentro de casa”, disse.

Entenda o caso

A Polícia Civil prendeu na tarde da última segunda-feira (15 de fevereiro de 2021), o jornalista João Paulo Mourão. Ele é acusado de assassinar a própria irmã, a advogada Izadora Santos Mourão dentro de casa com sete golpes de faca, no último dia 13 de fevereiro. Inicialmente, a versão apresentada por João Paulo Mourão logo após o crime dava conta de que uma mulher havia entrado na residência, enquanto ele dormia, e matado a irmã com golpes de faca.

Ainda no domingo (14), o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa – DHPP – assumiu o caso e passou a ouvir familiares e pessoas próximas, constando divergências nos depoimentos apresentados pelo próprio irmão e pela mãe, que também estava na residência na hora do crime.

Foto: Reprodução/Facebook

Maria Nerci e João Paulo Mourão

Mãe criou álibi

A mãe de Izadora, Maria Nerci, poderá ser indiciada por participação no crime, pois de acordo com a Polícia Civil, a idosa pode ter criado um falso álibi para acobertar o filho, o jornalista João Paulo Mourão.

“A mãe dele, quando viu a moça morta, a primeira coisa que fez, em vez de ligar para a polícia, ligou para uma faxineira para ela [a faxineira] dizer que ele [João Paulo] estava dormindo, para criar um álibi”, afirmou o delegado Barêtta, coordenador do DHPP.

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Fonte: GP1 e G1

Última atualização ( Ter, 16 de Fevereiro de 2021 22:45 )