Escrito por Saraiva    Qui, 01 de Agosto de 2013 15:09    Imprimir
Autor rap polêmico sobre PM explica letra e nega ameaças a Fábio Abreu

Kledeilson Barreto de Araújo, 25 anos, conhecido popularmente como Kedé é um dos autores do polêmico rap que cita policiais militares do Piauí entre várias queixas sociais. A TV Cidade Verde realizou entrevista exclusiva com o rapper, nesta quinta-feira (01 de agosto de 2013), na tentativa de compreender as intenções do músico com tantas frases com tom ameaçador. 

O repórter Tiago Melo foi até a casa do músico, na Vila Bom Jesus, no Bairro Santo Antônio, Zona Sul de Teresina-PI. Lá, ele conseguiu confirmação do jovem, envolvido há 10 anos em trabalhos voluntários com crianças e adolescentes e a música, de que a letra surgiu como forma de protesto. “A música nasceu de uma revolta pessoal minha. Sou negro, canto rap e moro numa comunidade pobre. Vivo em uma sociedade de discriminação. Todo dia sou discriminado, revistado pela polícia sem necessidade. Até já bateram na minha cara”, revela Kedé.

A música, divulgada através da internet, cita o subcamandante da Rone, capitão Fábio Abreu, e um soldado, da mesma corporação, identificado apenas como Avelar. Os militares são relacionados a realidades de violência nas comunidades mais pobres da cidade. Em trechos, policiais são chamados de “marginais fardados”. A letra também cita que as “pessoas inocentes que vocês mataram”, “uma vida custa caro é bom pensar na vida de vocês”, “a vela está apagando, o dia de vocês está chegando”, entre outros pontos polêmicos. “A música foi um desabafo meu. Não estava querendo ameaçar eles. Isso [música] saiu de mim porque todo dia acontece isso comigo. Pra eles, todo mundo é marginal, é ladrão, principalmente os negros. Muita gente reclama da forma como eles agem na sociedade. Já sobre o trecho da vela é uma parte obvia. Eles podem morrer a qualquer momento”, explica o rapper. Fábio Abreu também foi ouvido pela TV Cidade Verde. O policial revela que se sentiu ameaçado e que vai registrar Boletim de Ocorrência contra os músicos ainda nesta quinta-feira (01 de agosto de 2013). O motivo será tentativa de intimidação. Kedé revelou que não tinha ideia da repercussão que a música teria. Questionado se ele teria medo das consequências da música, ele foi enfático ao dizer que não vai mudar a postura que adotou para se posicionar perante a sociedade. “Vou bater de frente porque não vou me calar. Não estou dizendo que vou bater ou matá-los. Não tenho medo. Me acusaram de homicídio e eu não matei ninguém, me acusaram de porte ilegal de arma e eu não tenho armas. Disseram que estive preso e eu não estive. Vou continuar cantando rap. Eu represento um povo”, analisa o músico. O jovem lamenta ainda a repercussão negativa da música, mas revela que acredita que era um risco que corria. “O que cantei foi uma realidade. A música é minha forma de reivindicar. Não era pra incentivar violência, mas tem sempre gente que leva tudo pro lado mau”, disse Kedé. Com informações do Portal Cidadeverde.

Última atualização ( Qui, 01 de Agosto de 2013 23:11 )