Escrito por Saraiva    Ter, 18 de Julho de 2017 09:25    Imprimir
Temer ignora votos contrários do PSDB e defende paz com tucanos

BRASÍLIA — O presidente Michel Temer lançou uma ofensiva para tentar reduzir a tensão em alas do PSDB, hoje o mais incômodo aliado do governo, e ampliar a gordura de votos para barrar a denúncia em plenário. Ao longo do fim de semana, o presidente ligou para ministros tucanos para abafar o desconforto provocado por especulações de que poderia tirá-los do cargo e, na segunda-feira, recebeu no Planalto o ministro das Cidades, Bruno Araújo, que vinha sinalizando a possibilidade de pedir para deixar o governo. O discurso feito aos tucanos foi de pacificação, e os ministros foram avisados de que, ao menos antes de votada a denúncia em plenário, não há previsão de alterações no primeiro escalão.

— Temer continua tendo os ministros do PSDB na mais alta conta — minimizou um interlocutor.

Apesar de o PSDB não ter entregue os votos para barrar a denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara — apenas dois dos cinco deputados se posicionaram a favor do presidente —, Temer resolveu focar na “linha de convergência” com os partidos da base.

O presidente Michel Temer e o ministro Bruno Araújo - Ailton de Freitas / Agência O Globo / 13-12-16

Governistas lembram que, apesar de boa parte dos deputados do PSDB se posicionar contra Temer na votação da denúncia, o cenário deve ser bem diferente quando as reformas tributárias e da Previdência forem pautadas no plenário, pontos em que o governo vai se concentrar durante o recesso parlamentar. O PSDB é o principal defensor da agenda de reformas encampada pelo presidente, e o governo tem o apoio de governadores, prefeitos e senadores tucanos para dar prosseguimento a essa agenda.

Já os partidos do chamado “Centrão”, que apoiou Temer na CCJ, são vistos com certa desconfiança no governo, já que seus deputados são menos comprometidos com as reformas. O Palácio do Planalto já foi avisado, também, de que haverá defecções nessas legendas na hora de votar a denúncia em plenário. Por conta disso, a especulação sobre a troca de ministros tucanos é tratada no governo como “intriga do Centrão”.

— O governo está trabalhando com as convergências. Hoje há compromisso do PSDB com as reformas, e se houver votações em plenário, tanto de MPs, projetos como a denúncia, temos tranquilidade que contamos com votos inclusive do PSDB — disse um assessor palaciano.

Alberto Goldman, um dos vice-presidentes do PSDB, afirmou que não se preocupa com as investidas do grupo que forma o Centrão:

— Não é problema do PSDB. Temer faça o que quiser. Nada muda — afirmou.

O caso mais emblemático no PSDB é o do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PE), o único dos ministros tucanos com mandato parlamentar a não fazer uma defesa pública do governo desde que foi divulgada a delação da JBS. Ao contrário, chegou a demonstrar disposição para deixar o cargo e defendeu o desembarque do PSDB do governo. Apesar disso, a relação com Temer, segundo interlocutores disseram ao GLOBO, está “totalmente pacificada”.

O orçamento robusto da pasta que Bruno ocupa desperta o interesse dos partidos do Centrão, responsáveis, em grande medida, pela vitória de Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Essas legendas pressionam por mais espaços no governo.

— Os outros partidos aliados gostariam de ter mais espaços no governo, o Ministério das Cidades é importante, mas hoje está nas mãos do Bruno e não está ofertado a quem quer que seja — disse um interlocutor do presidente. Com informações do O Globo.

Última atualização ( Ter, 18 de Julho de 2017 09:37 )