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Presidente do Tribunal de Justiça admite que existe preconceito no Judiciário |
Primeira mulher a presidir o Tribunal de Justiça do Piauí, a desembargadora Eulália Maria Ribeiro Gonçalves do Nascimento Pinheiro reconheceu que ainda há preconceito no mundo jurídico e afirmou que se sente "incomodada" com a lentidão da Justiça. As declarações foram feitas em entrevista ao Jornal do Piauí, no quadro "Retroperspectiva 2012/2013", exibido nesta quinta-feira (3 de janeiro de 2013). "Não houve surpresa quando assumi a presidência do TJ porque foi uma aclamação, era uma sequência lógica, não houve concorrência. Mas, embora eu não goste de admitir, ainda há preconceito no mundo jurídico, especialmente quando a mulher ocupa posições que antes eram ocupadas apenas pelos homens. Entretanto, quando a gente diz: 'a primeira mulher' já é discriminatório, porque deveria ser algo natural e ainda não é visto assim", opinou. A desembargadora ressaltou que no país há quatro mulheres presidentes de tribunais de justiças e que no Pará, além da presidente, dois terços do TJ é composto por mulheres. Estrutura do Judiciário Eulália Pinheiro acrescentou que em 2013 serão abertas duas novas vagas para desembargador, o que ajudará a acelerar os julgamentos de presos. Ela também analisou os motivos que levam o Estado a ter 72,96% de presos provisórios, enquanto a média nacional é de 33%. "Torço para que seja criada mais uma vara civil, para acelerar os julgamentos. Essa situação me incomoda porque parece inoperância. Os mutirões têm ajudado, embora não alcancem 100% do objetivo. Mas, o preso provisório muitas vezes passa mais tempo na prisão pela quantidade de recursos colocados pelos advogados. Não quero culpá-los, mas os trâmites levam tempo e às vezes é em detrimento dos próprios presos", explicou. Além do excesso de recursos impetrados pelas defesas dos presos, a presidente destacou que, em muitos dos casos, os presos já foram sentenciados em outros processos, mas em um deles ainda é provisório e por isso entra nas estatísticas. "Já fui juíza criminal, entendo como isso funciona. Muitos dos delinquentes eram os mesmos. Eles não têm só um processo. Quando a gente liberava, eles voltavam ao crime. Então, muitas dessas pessoas que estão como provisórias já foram condenados em outros processos, mas naquele é provisório", argumentou. Eulália Pinheiro ressaltou também que espera que os R$ 366 milhões que o TJ pediu do Orçamento sejam mantidos e que há a necessidade imediata de aumentar o número de funcionários. "Já nomeamos 62, mas temos que fechar os 300. Temos ainda um déficit de 34 juízes e o concurso está em fase de encerramento. Queremos também melhorar a estrutura dos fóruns do interior, especialmente das grandes cidades, como Parnaíba, Oeiras, Picos e Floriano. Espero que em 2013 consigamos fazer o planejado". Personalidade Natural de Amarante, a presidente do TJ falou um pouco sobre sua personalidade e criação familiar. "Não sou uma pessoa rígida hora nenhuma, embora muitos achem isso. Sou tranquila. Esse meu jeito pode ser timidez ou reflexo do tipo de criação que tive. Meus pais não admitiam falhas. Professor na minha época sempre tinha razão, mas quando passaram a chamá-los de tios, a coisa mudou", analisou, lembrando que procurou criar os três filhos com amor e buscando meio-termo entre elogios e críticas. Eulália Pinheiro comentou que gosta de ler a Bíblia e que tem pedido ao Divino Espírito Santo para não cometer injustiças. "Gosto muito de poesia, mas gosto mais da Bíblia. Nunca perdi o sono por ter que tomar alguma decisão. Peço ao Divino Espírito Santo para não cometer injustiças e estudo os processos. Procuro aplicar sempre a lei, o direito", finalizou.
Fonte: Cidadeverde.com |
Última atualização ( Qui, 03 de Janeiro de 2013 17:20 ) |