Escrito por Saraiva    Dom, 17 de Março de 2013 17:03    Imprimir
Traficantes cobram 50 reais a famílias em Teresina para não destruírem as suas casas

Depois de avançarem em todos os espaços públicos, traficantes de drogas e dependentes químicos, em busca do dinheiro fácil, estão extorquindo famílias de bairros e vilas pobres e exigindo pagamento de R$ 20,00 a R$ 50,00 para não destruírem suas residências, na Capital do Piauí (Teresina). Caso as famílias não paguem aos traficantes de drogas e aos dependentes químicos, têm telhados e paredes de suas casas destruídas por pedras jogadas de longe.

As famílias ficam aterrorizadas porque as pedras não destroem apenas as residências, mas ferem as pessoas que estão dentro do lar e atingem aparelhos domésticos e equipamentos eletrônicos. A família da dona de casa Maria Alice da Silva Lima, de 51 anos, foi vítima de um ataque. Segundo ela, os acusados de tráfico de drogas conhecidos por Bodão, Alan e De Assis, cobraram o pagamento de R$ 50,00, caso contrário, iriam destruir a residência de sua família na Vila Mandacaru, na Zona Leste de Teresina-PI.

       Maria Alice passa mal quando traficantes estão apedrejando a sua casa na Capital do Piauí

“Como não tinha dinheiro paga pagar no valor que os traficantes de drogas estavam exigindo, passaram a jogar pedras no telhado, na calha, na frente da casa. As pedras destroem o telhado. Meus nervos não aguentam mais, eu sofro de pressão arterial. As pedras caem dentro de casa e fere quem está dentro”, afirmou Maria Alice da Silva Lima, que ficou se tremendo, perdendo a consciência por alguns instantes e foi auxiliada pelos filhos que a amparavam nos braços e a acordavam. Seu filho Sebastião da Silva Lima chegou a soprar o ouvido de Maria Alice da Silva Lima e fazer com que cheirasse álcool para voltar à consciência.

 Maria Alice sendo levada nos braços do filho para a ambulância para ser levada ao Hospital de Urgência

O drama se estabeleceu sobre toda a família. No terraço da casa pedaços de telhas estavam no chão depois que os acusados de tráfico de drogas jogaram pedras. As pedras também destruíram o telhado e os raios de sol entram na casa pelos buracos feitos por pedras ou pedaços de tijolos. A agonia na casa transforma o espaço em um clima desesperador e de um suspense radical. A qualquer hora a família espera mais pedras ou pedaços de tijolos do lado de fora.

                               Maria Alice sendo colocada na ambulância do SAMU

“O Bodão foi bem claro. Se o pagamento não fosse feito, a casa seria destruída. Minha mãe não tem mais idade para aguentar isso. Estão quebrando tudo”, afirmou Júlio César de Sousa Lima, de 18 anos, filho de Maria Alice da Lima, que passou a revirar os olhos e de tanto gritar por desespero não conseguia emitir mais palavras, apenas alguns sons, palavras incompreensíveis e espécie de grunidos. Seus filhos e filhas corriam por toda a casa com medo de novos ataques de pedras e tijolos.

             Maria Alice passando mal no momento em que traficantes apedrejam a sua casa 

O desespero aumentou quando uma pedra atingiu o telhado, entrou na casa e atingiu o filho mais jovem Antônio Bruno da Silva Lima, no nariz, que ficou sangrando. “Estava no quarto quando uma pedra atingiu o meu nariz. Está sangrando muito. Já lavei e o nariz continua a sangrar”, falou Antônio Bruno, levando uma toalha molhada ao nariz para tentar estancar o sangue, mas sem sucesso.

 Filho socorrendo a mãe Maria Alice, na Vila Mandacaru, em Teresina, após traficantes apedrejarem a sua casa 

Uma viatura do Ronda Cidadão chegou na casa de Alice da Silva Lima no clima do ataque. “Fomos chamados porque a família disse que estão jogando pedras nas pessoas que estão dentro, porque estão querendo extorquir, exigindo dinheiro para não destruir a casa”, falou o soldado Adriano, que ao ver a situação de saúde e de instabilidade emocional de Alice da Silva Lima chamou uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), para socorrê-la.

 Momento em que o policial do Ronda Cidadão está chegando para atender a ocorrência 

Quando os policiais tentavam entender a situação e proteger a família de Maria Alice, que continuava sofrendo de ataques nervosos e crises de choro, um homem jovem e alto chegou para dizer aos policiais que os filhos da dona de casa “não eram santos” e tinha sido cortado no pulso por um deles.

 Dona Maria Alice, antes de passar mal mostra o BO que registrou no 5º DP sobre o apedrejamento de sua casa

Foi quando os filhos de Maria Alice informaram que o jovem era o De Assis. Os policiais do Ronda Cidadão, que iam chegando em mais número e em quatro viaturas, mobilizaram De Assis, deram ordem de prisão e o levaram preso para a Central de Flagrantes, na Zona Sul de Teresina.

 Momento em que os policiais do Ronda Cidadão vão prender este homem conhecido por De Assis, um dos acusados de apedrejar a casa de dona Alice

“Homem é para ser preso mesmo, mas eu vou ser solto logo”, declarou De Assis para sua mãe, Antônia da Silva, que tentou impedir a prisão falando para aos policiais que alguns filhos de Maria Alice supostamente praticavam roubos e jogavam os objetos em um matagal na Vila Mandacaru e iam recuperar os objetos dizendo que iam pegar passarinhos.

 Acusado De Assis sendo colocado na viatura do Ronda Cidadão para ser levado para a Central de Flagrantes 

Antônia da Silva ficou na frente da casa de Maria Alice com uma pedra na mão, gritando: “Se vocês são homens saiam daí, vem Xuxai (um dos filhos de Maria Alice) e vem para cá”, declarou. Os paramédicos do Samu levaram Antônio Bruno Lima com o nariz ainda sangrando e Maria Alice foi levada para a ambulância nos braços dos filhos, para em seguida ser levada ao Hospital de Urgência de Teresina.

                        Acusado De Assis já dentro da viatura do Ronda Cidadão

Apesar da presença de quatro viaturas do Ronda Cidadão e de mais de dez policiais no local, uma mulher com uma pedra ainda provocava os filhos de Maria Alice: ”Não tomei drogas, mas estou com o Satanás”. Um dos filhos de Maria Alice reagiu a uma das provocações e gritou: “Eu fumo maconha, mas é com o meu dinheiro”. Com informações e fotos de Efrém Ribeiro.

 Dona Maria Alice já dentro da ambulância do SAMU para ser levada ao HUT

                         Soldado do Ronda Cidadão quando socorria dona Maria Alice

       Dona Maria Alice quando bebia água antes de chegar o SAMU para lhe socorrer

                      Dona Antônia tentando impedir a prisão do filho De Assis

 Momento em que os policiais do Ronda Cidadão chegaram à casa de dona Alice para atender a ocorrência

 

Última atualização ( Dom, 17 de Março de 2013 18:25 )